Na mais absoluta solidão de mim, caminho. Enterro os pés na areia sólida e molhada. Sinto a água nos tornozelos, gelada, e caminho por entre o nevoeiro. Penso que daria uma bela fotografia. Eu, sozinha, toda vestida de branco a caminhar através da neblina. Entre o mar e o vasto areal, cheio de gente a preparar-se para ir embora. A falta de sol afasta-os. Melhor para mim.
O mar está estranhamente calmo. Ao fundo, seis pontos pretos a boiar. Surfistas. Também não é o dia deles. Hoje a praia revoltou-se e mandou toda a gente embora.
As gotículas de nevoeiro entranham-se na minha pele, frias. E sopra, vinda do mar, uma leve brisa gélida que contrasta com o calor que emana a areia. Sinto-me aconchegada e embalada pelo som da rebentação.
Enquanto o sol não chega, é o dia de praia mais perfeito de sempre.
As roupas e toalhas coloridas contrastam com a solenidade do dia. Queria que todos eles se fossem embora. Queria que se fizesse silêncio. Que o sol não viesse.
Estou em reclusão dentro de mim mesma. Voto de silêncio.
Faço parte da areia onde me deito e sinto cada grão tocar no meu corpo. O vento acaricia-me as costas e eu espero que ele me leve consigo.
Inspiro e aspiro os aromas à minha volta. O cheiro dos protectores solares. A espuma das ondas. O sal da areia. A parafina das pranchas de surf. A lona das barracas listadas, azuis e brancas. O fumo do cigarro.
E os sons. O "tok-tok" das raquetas. O folhear dos livros. Os sacos de plástico. Risos agudos e choros fingidos de crianças. As pequenas e perfeitas ondas a rebentar. Conversas de como o tempo está mau para fazer praia.
Para mim nunca esteve tão perfeito.
Vão-se embora! Façam silêncio.
Quero branco e cinza e azul e areia. E brisa e espuma. E silêncio de mar, silêncio de mim.
(escrito em 2/9/2007)
O mar está estranhamente calmo. Ao fundo, seis pontos pretos a boiar. Surfistas. Também não é o dia deles. Hoje a praia revoltou-se e mandou toda a gente embora.
As gotículas de nevoeiro entranham-se na minha pele, frias. E sopra, vinda do mar, uma leve brisa gélida que contrasta com o calor que emana a areia. Sinto-me aconchegada e embalada pelo som da rebentação.
Enquanto o sol não chega, é o dia de praia mais perfeito de sempre.
As roupas e toalhas coloridas contrastam com a solenidade do dia. Queria que todos eles se fossem embora. Queria que se fizesse silêncio. Que o sol não viesse.
Estou em reclusão dentro de mim mesma. Voto de silêncio.
Faço parte da areia onde me deito e sinto cada grão tocar no meu corpo. O vento acaricia-me as costas e eu espero que ele me leve consigo.
Inspiro e aspiro os aromas à minha volta. O cheiro dos protectores solares. A espuma das ondas. O sal da areia. A parafina das pranchas de surf. A lona das barracas listadas, azuis e brancas. O fumo do cigarro.
E os sons. O "tok-tok" das raquetas. O folhear dos livros. Os sacos de plástico. Risos agudos e choros fingidos de crianças. As pequenas e perfeitas ondas a rebentar. Conversas de como o tempo está mau para fazer praia.
Para mim nunca esteve tão perfeito.
Vão-se embora! Façam silêncio.
Quero branco e cinza e azul e areia. E brisa e espuma. E silêncio de mar, silêncio de mim.
(escrito em 2/9/2007)
2 comentários:
Nada é por acaso. Tudo acontece com um propósito... Aproveita as ondas do Universo e surfa nelas como se não houvesse amanhã... mas sempre com consciência dos teus actos! Consciência e atenção!
:)
A missão para esta vida: aprender através do sentir profundo!
Boa sorte.
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