sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Nódoas


O nevoeiro purificador.
Entrar com sedas e damascos pútridos de humanidade. Correr por entra a neblina, sem rumo, sem rasto, sem nome, sem cor, sem som. Cheia de nódoas.
Para sair do outro lado, nua e limpa.
Agora sim, sem nódoas.
Porque no melhor pano caem todas as nódoas. Porque é no branco imaculado e puro que toda o descuido e podridão se manifestam.
E na simplicidade da chita, que não nos esforçamos para salvaguardar de nódoas, mesmo as que caem são laváveis.
A organza transforma-se em farrapo ao primeiro salpico.
Prefiro a chita. Prefiro as nódoas. São honestas.
Estou.
Despida.
E sem nódoas.
Ainda com farrapos de nuvem que se desprendem dos meus cabelos.

1 comentário:

Raquel Alão disse...

Porque no melhor pano é que nos custa que caiam as nódoas. Porque é no branco imaculado que elas se tornam apenas mais visíveis e não apenas mais. Mas são elas que nos tornam mais honestos. Se tivermos olhos de ver nódoas... Caso contrário, podemos correr o risco de nos passearmos num branco sujo, a apontar aos demais as nódoas que só eles carregam.

Quanto mais me dispo, mais roupa descubro para despir... Alguma vez estaremos nus?